terça-feira, 16 de abril de 2013

BIOÉTICA E RESPONSABILIDADE PELAS GERAÇÕES FUTURAS: 7 TESES

BIOÉTICA E RESPONSABILIDADE PELAS GERAÇÕES FUTURAS:
7 TESES


Ricardo Timm de Souza

  1. “Responsabilidade” não é um conceito abstrato, mas o correlato de uma exigência concreta e específica de resposta – responsa – a uma situação dada.
  2. A responsabilidade pelas gerações futuras somente pode ser plenamente compreendida e assumida a partir do assumir da responsabilidade pelas gerações presentes, onde o presente se encontra na riqueza semântica da palavra “pelas” – são as gerações presentes que têm de assumir responsabilidade por si mesmas e pelas futuras.
  3. Neste sentido, o presente e o futuro se encontram na articulação do agora decisivo, no qual as decisões pela solução das injustiças do presente e pela viabilidade do futuro enviam a uma concepção vital (bio)ética que não pode deixar nenhuma instância de clamor por justiça sem resposta, segundo a sugestão de Derrida: uma obsessão pela justiça.
  4. A bioética se configura numa instância de percepção da realidade na qual estas demandas são especialmente agudas.
  5. Os temas do encontro, aquecimento global e AIDS, tocam-se em suas raízes de injustiça efetivada de um modo não facilmente detectável por uma análise fragmentada ou tecnocrática. Que estes temas refiram a uma realidade maior, anterior, é uma prova a mais de que não existe questão ética que não seja uma questão ecológica e social e vice-versa.
  6. A bioética exige sua reescrita a partir da ética como fundamento ou, o que dá na mesma, na ansiedade obsessiva pela superação das injustiças em todos os níveis humanos e ecológicos.
  7. A responsabilidade maior pelas gerações futuras é, então, o assumir cabal da responsabilidade pelas gerações presentes, atores e sujeitos cuja ação e responsabilização pela sustentabilidade do futuro definirá a permanência da vida na terra; os argumentos que assomam neste momento de gravidade não se destilam  desde a sutileza lógica de cérebros treinados, mas desde as exigências da concretude da alteridade – a natureza, o outro que sofre – que exige resposta.

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